Para uma cidade com as dimensões de Ribeirão Preto, o bom funcionamento do sistema de mobilidade urbana é algo de extrema necessidade. Grande parte dos nossos problemas nessa área decorrem das grandes distâncias que separam as casas das pessoas e seus locais de trabalho. Não bastasse as dificuldades provenientes do próprio fluxo de pessoas, há duas grandes questões de ordem econômica e social que impedem a necessária livre circulação dos ribeirãopretanos pela cidade. Juntando cobertura insuficiente e passagens com preços absurdos, está dado o cenário em que a cidade se torna excludente e segregadora. A Prefeitura precisa acelerar obras como os corredores de ônibus e a construção de novos terminais, algo que vem sendo feito em ritmo muito abaixo do prometido pela atual gestão, ou apenas em épocas eleitorais, como vivemos neste momento.
Além disso, tornou-se inadiável a execução de um ousado plano de integração da malha cicloviária (que precisa seguir em expansão) com os demais modais de transporte. Será necessário que se realize pesquisas de campo, levantamentos quantitativos, elaboração de projetos, e estimativas de investimentos necessários para revisão e reformulação do Plano de Mobilidade Urbana de Ribeirão Preto – PLANMOB-RP, pois ele não atende de forma satisfatória a Lei 12.587/2012, que institui a Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU), pautado em diagnóstico obsoleto, e apresentando foco prioritário no deslocamento dos veículos e não em pessoas.
Além dos aspectos tratados, nossos deslocamentos em RP representam 60% das emissões de Carbono Equivalente, segundo o SEEG (Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa) para a atmosfera, visto que o principal meio de viagem é o automóvel individualizado. Gatos com combustíveis, o excesso de veículos nas ruas torna o trânsito lento, um modelo altamente insustentável. Assim, o transporte público deve passar por uma transformação tal onde o tempo das viagens de ônibus sejam mais próximas daquelas feitas com carros; onde os pontos de espera tenham estrutura confortável diante das condições climáticas predominantes na cidade; onde a oferta de linhas e suas frequências sejam atrativas para mais usuários. Um outro aspecto alarmante é que Ribeirão Preto possui alta taxa de acidentes no trânsito – 25 mortes/100.000 hab/ano, conforme informação do Plano de Mobilidade já aprovado.
Não é à toa que isso ocorre! Existem causas de responsabilidade do Poder Público e de empresas que pagam por viagens a motociclistas, por exemplo. Morre muitas pessoas no trânsito, não apenas por imprudência do condutor. Além do mais, o Sistema Viário prioriza o veículo automotor (carroçável) em detrimento do conforto e da segurança do pedestre (calçadas). O Plano Viário encontra-se em revisão na Prefeitura, porém precisamos avançar! Tanto para a cidade que ainda será construída, quanto para a cidade existente. As calçadas podem e devem ampliar-se e permitir melhor arborização e segurança e conforto dos pedestres e dos ciclistas. Por fim, a poluição sonora estressante advinda de motos. Faz-se necessário um regramento urgente quanto à emissão de ruídos vindos de escapamentos furados ou adquiridos especialmente para fazer barulho.
Já em relação à tarifa, é urgente a auditoria de todos os contratos para que sejam apurados os reais custos do serviço, punindo com rigor quaisquer desvios e desmantelando as máfias de transporte que seguem mais fortes do que nunca. Ainda sobre isso, defendemos um amplo processo de revisão do preço das tarifas aos passageiros. Queremos retomar com seriedade essa discussão para viabilizar a proposta da tarifa zero. Transporte é um direito do cidadão e um dever do Estado. Para democratizar o transporte público e permitir ao povo circular livremente e usufruir de todas as coisas boas que Ribeirão Preto tem a oferecer, propomos:
● Tarifa zero no transporte público municipal, a começar pela gratuidade aos finais de semana;
● Suspensão das licitações com as empresas de ônibus e auditoria de todos os contratos firmados pela Pró-Urbano;
● Que os subsídios pagos pela prefeitura tenham como referência a quilometragem rodada pelos ônibus e não mais o número de passageiros;
● Gestão democrática do transporte público, levando em conta as posições de trabalhadores e usuários para que eles também possam decidir;
● Priorizar as regiões periféricas e com grande concentração populacional na elaboração das políticas públicas de mobilidade urbana;
● Expansão das ciclofaixas; pela integração entre os diferentes meios de transporte e por um planejamento de mobilidade urbana que inclua também a bicicleta como alternativa aos meios motorizados;
● Manter e ampliar o programa de redução das velocidades máximas nas vias importantes da cidade, levando em consideração os estudos da OMS, como forma de combater a epidemia de mortes no trânsito;
● Política de segurança no trânsito com foco na segurança de pedestres e ciclistas – atualmente;
● Instalação de semáforos sonoros para as pessoas com deficiência visual, e em altura que seja acessível às pessoas com nanismo, devendo essa altura ser observada também com relação a outros mobiliários urbanos;
● Estudo para viabilizar o acesso a calçadas e passeios públicos sem barreiras, como postes, semáforos ou qualquer outro elemento vertical, e instalação de sinalização tátil de alerta de piso indicando a existência de mobiliário urbano;
● Contra a dupla função dos profissionais de transporte: pela volta dos cobradores nos ônibus de Ribeirão Preto;
● Valorização dos profissionais de transporte com reposição salarial e plano de carreira a serem definidos pela Prefeitura.